terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CONVERSA DE HOMENS PASSARINHOS



sabiá laranjeira





Alma de gato e Cata-pilão
“Cearam” juntos
Numa grande reunião
Estava lá a linda Sabiá,
Além do Anum
Pássaro preto, Caga-sebo
Patativa desde cedo
Que não para de cantar
Mas, desde cedinho,
Antes de o sol levantar
João de Barro já fazia
Para sua Joaninha
Uma casinha de andar

Sofrê não passou aqui,
Deve estar pra acolá
Beija-flor beija ligeiro,
É como amor bandoleiro,
Difícil de acompanhar

O Curió achou curioso demais
E de uma estupidez tenaz
Tamanha degradação
A fauna, a flora, o rio, o mar, o ar,
Hoje ninguém mais
Escapa de tanta poluição

O homem passou aqui,
Veja como tudo mudou,
Ele domina a ciência,
Diz que tem competência
E como tudo se acabou

E pouco a pouco foi chegando a passarada,
Cada qual com sua indaga,
Sua forma de cantar
O Bem-te-vi disse, é tanta queimada,
Olha lá vai a fumaça,
Onde o vento levar.
É tanto fogo, vixe!
Quanto desespero,
Quem tem pés corre ligeiro,
Quem não tem, não corre não.
Uns se sacodem, outros se arrastam,
Ainda bem que temos asas
Para fugir desse fogo

O homem passou aqui,
Veja como tudo mudou, ele domina a ciência,
Diz que tem competência e como tudo se acabou

De imediato se estabeleceu o silencio
Como se num combinado
Todo mundo se calou
E ecoou do coração da floresta
Um canto firme e forte
O Uirapuru chegou
Dizendo: gente meus queridos irmãozinhos,
Quem morreu perdeu o ninho,
Foi o fogo que queimou
Vocês se conformem,
Pois foi este o destino,
Todo esse desatino
Vocês sabem o causador

O homem passou aqui,
Veja como tudo mudou,
Ele domina a ciência
Diz que tem competência
E como tudo se acabou.



Edmilson Brown

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